A ostra

Caminhando pela areia fina antes do sol arder, ia admirando discretamente o mar enquanto esperava seu convite para o mergulho.
Com passos lentos, entrei deixando a água subir pelo meu corpo até abandoná-lo às ondas que passavam suaves querendo embalar toda a minha alma.
Olhei para o infinito comungando livremente como iguais. Encontrei algumas das respostas que procurava, mas decidi deixá-las ali mesmo nas águas.
Saindo molhada de paz, encontrei nas pedras uma ostra solitária. Curiosa como sou não resisti em tomá-la nas mãos. Constatei que estava completamente fechada e viva.
Minha curiosidade aumentou por querer saber o que levava adentro. Não que eu procurasse por uma pérola rara. O que me atraia era a vida ali recolhida, a intimidade puramente secreta.
Olhei novamente para o infinito buscando entendimento, mas este se recolheu nas névoas para descansar.
Voltei-me então para o mar que me levou às profundezas fazendo-me aceitar o desconhecido e esperar pelas revelacões, sem anseios.
Subindo à superfìcie, decidi não abrir a ostra. Deixei-a na água com as respostas e retornei caminhando pela areia fina com uma pérola no pensamento.

AL/2006